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24/09/2019 08:03

Matéria sobre Bonito no Diário do Turismo

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A pequena Bonito é um deleite visual. Fotografias de suas belas paisagens costumam movimentar a internet e mostrar, sem qualquer esforço e sob diferentes ângulos, porque a cidadezinha cravada no Planalto da Serra da Bodoquena, no sudoeste do Mato Grosso do Sul, é um fenômeno do ecoturismo brasileiro.

Hoje destino cobiçado por viajantes do mundo inteiro, Bonito foi fundada em 24 de fevereiro de 1927 como um distrito do município de Miranda. Só duas décadas depois, em 2 de outubro de 1948, é que ela foi finalmente elevada à categoria de município. Seu nome, inevitavelmente associado às suas belezas naturais, é herança da antiga fazenda Rincão Bonito.

Pacata e de alma sertaneja, Bonito se desenvolveu primeiro à base da pecuária, atividade econômica que definiu os rumos da cidade até a década de 1970, e, depois, sob as rédeas da mineração de calcário e da agricultura. Ambas reinaram absolutas até o final da década de 1980, período que sinaliza o início da profissionalização do turismo na região.

Pertencente à segunda geração de guias de turismo de Bonito, Waldemir Martins conecta, há 24 anos, os visitantes às belezas naturais do município. O ilustre morador, que acompanhou atento as transformações da cidade, afirma que o turismo expandiu as oportunidades de negócios na cidade sem, no entanto, furtar a sua essência pacata.

A cidade de Bonito possui 22 mil habitantes, tem as ruas e calçadas arborizadas e é tomada por casarios simples. Sua cultura tem os pés fincados na tradição dos guerreiros índios Kadiwéus, que resistem na região até hoje.
A riqueza natural de Bonito impressiona seus visitantes. Sua vegetação exibe o encontro da Mata Atlântica com o Cerrado. Essa combinação pinta cenários distintos. A uma curta distância, a sensação é de estar em outra região do país.

Na área rural de Bonito, o que se vê são fazendas monumentais, algumas delas centenárias e tão grandes que chegam a ter o tamanho da área urbana da cidade de São Paulo. Sim, enormes!

Nos últimos anos, as porteiras dessas fazendas começaram a se abrir aos turistas. É no interior delas, consideradas áreas de proteção ambiental, que estão quase todos os atrativos da cidade, com exceção apenas da Gruta do Lago Azul e do Balneário Municipal, esses administrados pela prefeitura.

A região abriga mais de 50 atrativos de aventura leve que podem ser vivenciados por pessoas de todas as idades e condições físicas. A acessibilidade e a segurança nos roteiros estão em primeiro lugar. O sistema de segurança dos atrativos, seja no uso de equipamentos, seja no acompanhamento de guia, é extremamente rigoroso e necessário.

Localizada entre o Planalto da Serra da Bodoquena e a depressão do rio Miranda, área que separa as duas maiores bacias hidrográficas do país, Paraguai e Paraná, Bonito é considerada a cidade das águas. Ela possui uma dezena de rios que nascem aos pés da Serra e correm para o pantanal.

O rio mais importante é o Formoso. Suas aguas volumosas e azuis riscam 130 km do município e abrigam algumas das principais experiências aquáticas da região. Em suas bordas figuram muitos atrativos, entre eles o Eco Park Porto da Ilha e o Parque Ecológico Rio Formoso.

Grandioso e de águas serenas, o rio Formoso possui pequenas quedas que o tornam ideal para a prática de bóia cross, canoagem, duck (caiaque inflável), bote e stand up paddle. Nas matas de seu entorno é possível praticar arvorismo a 15m de altura, cavalgadas, fazer trilhas e tirolesas secas e molhadas (com queda no rio).


A 15 metros do chão durante a prática de Arvorismo no Arvorismo Cabanas (foto: Zaqueu Rodrigues)

Em outubro, o Parque Ecológico Rio Formoso irá inaugurar a maior tirolesa do Mato Grosso do Sul, com uma extensão de 520 m. Ela tem início numa pequena montanha, entre as copas das árvores, e segue em área limpa com ampla vista das paisagens do entorno até passar, no trecho final, sobre as águas do rio Formoso. Fica a sugestão.

Se o rio Formoso é o mais importante de Bonito, o rio Sucuri é o mais… bonito. Desculpe, não resisti. Na verdade, o Sucuri é muito mais do que bonito, ele é lindo! É nesse rio que você irá se deparar com uma das imagens mais fascinantes desse destino.

FLUTUAÇÃO

O rio Sucuri é o rio mais transparente do Brasil. E o terceiro do mundo. A transparência da água se explica pela abundância de calcário presente no solo da região. “O calcário é um filtro natural. Todo sedimento carreado é decantado no fundo do rio, deixando a água cristalina”, ensina o guia Martins.

Cristalizada pela ação do calcário, a água salta aos olhos numa colocação em tons de azul e verde que, olha!, chega a comover os visitantes.

O rio Sucuri é o cenário perfeito para a prática de flutuação, experiência que é realizada com roupa neoprene, máscara de mergulho, colete de flutuação e snorkel. O passeio é feito sob a orientação de um guia e acompanhado por um barco de apoio.


Um mergulho nas águas cristalinas da Nascente Azul durante a prática de flutuação. Transparência das águas permite visualizar o processo de fotossíntese das plantas (foto: divulgação)​

No fundo das águas do Sucuri, um espetáculo sensível e encantador é protagonizado pelas plantas subaquática. Entre elas as patomogetons, hidrocotiles, algas caráceas. O destaque fica para as ninfeias, parentes da vitória régia que florescem debaixo da água.

O espetáculo aquático também exibe o balé das Piraputangas, peixe que reina absoluto nos rios da região. Um dos principais símbolos de Bonito, a Piraputanga ganhou um monumento/chafariz em sua homenagem na praça da Liberdade, no centro da cidade.

Nas águas do rio Sucuri ou do rio nascente Azul, onde também se pratica flutuação, entre outros da cidade, há ainda um espetáculo mais raro de se ver. A transparência da água permite contemplar as borbulhas de ar liberadas pelo processo de fotossíntese das plantas.

CAMINHO DAS CACHOEIRAS


 Boca da Onça, a cachoeira mais alta do Mato Grosso do Sul (foto: Zaqueu Rodrigues)​

Saindo das belezas submersas, as águas de Bonito também protagonizam espetáculos nas alturas. Os moradores costumam dizer que as cachoeiras crescem por essas bandas. E, de fato, não faltam cachoeiras na região. A cachoeiras crescem porque a presença do calcário calcifica toda a matéria orgânica.

Bonito abriga a maior cachoeira do estado do Mato Grosso do Sul, a Boca da Onça, que salta a uma altura de 153 m e sem pressa de alcançar o chão. Ela é a última de oito quedas encontradas durante uma trilha de 4 horas na fazenda Boca da Onça Ecoturismo.

O percurso no coração da mata nativa reserva muitos pontos para banhos e de contemplação. As cachoeiras do roteiro não são violentas. Chegam a escorrer, branquíssimas, pelos paredões lisos.

Bonito também conserva esculturas monumentais criadas pela natureza. São mais de 100 cavernas, em sua maioria inexploradas. Entre as que estão abertas às visitações estão as Grutas de São Miguel. O caminho até a sua entrada é feito por uma ponte suspensa na altura das copas das árvores, o que proporciona uma ótima visão da paisagem do entorno.


Espetáculo de luzes e sombras no interior das Grutas de São Miguel (foto: Zaqueu Rodrigues)

No interior da gruta, inteiramente seca, aprecia-se distintas formações de espeleotemas como estalactites, estalagmites, travertinos. São obras esculpidas pela natureza durante milhões de anos e que revelam sua grandiosidade nos detalhes. Além da beleza arqueológica, o passeio pela gruta oferece um espetáculo de luzes e sombras.

O principal cartão postal de Bonito é a Gruta do Lago Azul, considerada uma das maiores cavidades inundas do mundo. No interior, após uma descida de 100 m, há um lago de água tão cristalina que a superfície se torna um espelho.

A incidência da luz natural por sua cavidade pinta o lago de azul intenso e o transforma num raro espetáculo. A beleza do lago azul é apenas a porta de entrada para o rico universo preservado no interior da gruta, que apresenta um valor arqueológico ainda inestimável.

Em 1992, durante uma expedição de mergulhadores, foi encontrado ali uma série de fósseis, entre outros do tigre de dente de sabre e de uma preguiça gigante. Calcula-se que viveram no local durante o período geológico do Pleistoceno, entre 6.000 a 10.000 anos atrás.

Nas águas da gruta não há peixes. Ele é habitado por um morador ilustre que tem despertado a atenção de pesquisadores. Trata-se de um crustáceo pré-histórico catalogado em 2002 como Poticoara Brasiliensis, conhecido popularmente como camarão de água doce.

A Gruta do Lago Azul foi tombada em 1978 pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. E, assim como os demais roteiros da cidade, contém uma beleza de encher os olhos e de tocar a alma.


Tamanduá Bandeira desfila pela fazenda Boca da Onça Ecoturismo (foto: Zaqueu Rodrigues)

A REPORTAGEM EM FOTOGRAFIAS​


Caminho para as Grutas de São Miguel começa com uma passarela entre as copas (FOTO: Zaqueu Rodrigues)


Araras vermelhas dão espetáculo nas Grutas de São Miguel (FOTO: Zaqueu Rodrigues)​


A Gruta do Lago Azul revela uma beleza magnetizante (FOTO: Zaqueu Rodrigues)


Passeio de Duck nas águas do Rio Formoso dentro do Eco Park Porto da Ilha (FOTo: divulgação)


Uma das estradas de terra que dão acesso aos atrativos (FOTO: Zaqueu Rodrigues)​


Ideal para flutuação, o Rio Sucuri é o rio mais transparente do Brasil e o terceiro do mundo (FOTO: Zaqueu Rodrigues)


Símbolo de Bonito, a Piraputanga reina dentro e fora das águas (FOTO: Zaqueu Rodrigues)


No Parque Ecológico Rio Formoso, passeio de bóia cross combina aventura e contemplação (FOTO: divulgação)​

Fonte: DT - Zaqueu Rodrigues
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